Um comportamento vem chamando a atenção nas empresas por ocorrer de forma discreta: as chamadas “férias silenciosas” (quiet vacationing).
Ao contrário das férias formais, nesse modelo o colaborador não comunica ausência nem entra oficialmente em folga. Ele apenas reduz o ritmo e o envolvimento com as tarefas, ainda que continue disponível em chats e e-mails.
Esse afastamento velado tende a ocorrer como resposta à pressão constante por desempenho e à dificuldade de desconexão completa.
Dados da The Harris Poll, em parceria com a CNBC, apontam que 37% dos trabalhadores americanos da geração Millennials e 24% da Geração Z já adotaram essa prática, revelando uma tendência preocupante em ambientes onde a sobrecarga é frequente e os limites entre vida pessoal e profissional se tornam cada vez mais imprecisos.
O receio de como o pedido de férias será recebido também é relevante: 61% dos millennials e 58% dos profissionais da Geração Z afirmam sentir nervosismo ao solicitar folga.
Quando os sinais passam despercebidos, o impacto pode se refletir na produtividade geral da equipe e até no clima organizacional.
Por isso, o papel do RH é entender o que está por trás dessas escolhas silenciosas e criar estratégias para que os colaboradores se sintam seguros para pausar de forma legítima, sem precisar recorrer a essa desconexão disfarçada.
Continue a leitura para entender como prevenir o fenômeno dentro da sua empresa.
O que são férias silenciosas e por que elas acontecem
As férias silenciosas fazem parte de uma mudança no comportamento profissional diante de cenários de esgotamento, falta de autonomia e medo de parecer improdutivo.
Nesses casos, o colaborador se desconecta sem comunicar a liderança ou registrar formalmente a ausência. Ainda presente virtualmente, evita reuniões, responde menos mensagens e reduz sua participação de forma deliberada.
Esse fenômeno cresce especialmente entre gerações que valorizam flexibilidade e bem-estar, mas que também convivem com culturas corporativas que reforçam a ideia de “estar sempre disponível”.
Para muitos, sair de férias oficialmente pode ser visto como um risco à sua imagem profissional ou um fator de sobrecarga futura, já que o retorno costuma vir acompanhado de acúmulo de tarefas. Isso estimula o comportamento silencioso: pausas disfarçadas para tentar preservar a saúde mental sem precisar justificar.
Além da pressão direta, outros elementos contribuem para o cenário: a falta de escuta ativa nas lideranças, políticas de descanso mal estruturadas, ausência de confiança nas relações de trabalho e uma cultura que premia jornadas longas em vez de entregas consistentes. Com isso, o afastamento informal se torna uma forma de autodefesa.

Como o RH pode agir para evitar as férias silenciosas
Combater esse fenômeno não exige apenas regras mais rígidas de controle. O caminho mais eficiente passa pela construção de um ambiente em que o descanso legítimo seja incentivado, respeitado e encarado como parte do ciclo produtivo.
A primeira frente de ação envolve o fortalecimento da cultura de bem-estar e isso precisa ir além de ações pontuais. É necessário incluir o tema nas decisões estratégicas da empresa e nas conversas cotidianas com as equipes.
A escuta ativa também é parte essencial da solução. Quando os colaboradores sentem que suas necessidades são ouvidas de forma genuína, e que há espaço para expor desafios sem julgamentos, tornam-se mais propensos a comunicar sobrecarga ou a necessidade de pausa antes de recorrer a estratégias de desconexão invisível.
Para isso, lideranças devem estar preparadas para acolher e dialogar com consistência, e não apenas reagir a resultados ou quedas de desempenho.
Outro ponto fundamental é garantir equilíbrio real entre vida pessoal e trabalho. Incentivar o uso adequado das férias, revisar fluxos de trabalho para evitar acúmulo excessivo e repensar métricas de produtividade são caminhos possíveis.
Manter um ambiente de feedback transparente ajuda a reforçar a confiança, tornando natural o pedido de uma folga quando necessário.
Quando os colaboradores sabem que sua ausência será compreendida e respeitada, a tendência a “fingir presença” diminui.
Um olhar mais atento para os sinais do cotidiano
As férias silenciosas não costumam ser anunciadas, mas deixam rastros no dia a dia: respostas mais lentas, ausência em discussões importantes, queda sutil no volume de entregas ou uma postura mais distante nas interações.
Os dados da The Harris Poll deixam claro que, mesmo com políticas de férias consideradas satisfatórias, a cultura do trabalho ainda impede muitos profissionais de aproveitar plenamente o tempo livre.
Investir em um ambiente que valorize o descanso, o diálogo e a confiança é fundamental para evitar práticas como as férias silenciosas e promover equipes mais engajadas e produtivas.
Se você busca soluções para fortalecer a gestão de pessoas e aprimorar o clima organizacional, conheça as ferramentas da RP Ponto e transforme a experiência dos seus colaboradores.
Fale com nossos especialistas e dê o próximo passo rumo a um ambiente de trabalho mais saudável e eficiente.
															
								
															

