Segundo um levantamento de dados da série SmartLab de Trabalho Decente 2025, os afastamentos por saúde mental mais que dobraram nos últimos dois anos. O aumento significa um percentual de 134%, de 201 mil em 2022 para 472 mil em 2024.
Assim como os números, os debates sobre a crise de saúde mental também estão em alta. Na esfera profissional, empresas e seus gestores vêm buscando alternativas que amenizem a situação. Mas, como comprovado por essa crescente, as medidas colocadas em prática até agora não se converteram em resultados.
A saúde mental nas empresas está associada a diversos fatores, por exemplo: ambiente, condições de trabalho, quantidade de demandas, organização, lideranças, relações interpessoais, entre outros.
Ao longo deste artigo, a RP Ponto vai explicar mais sobre saúde mental no universo corporativo, e como priorizar o bem-estar dos seus colaboradores. Continue a leitura e saiba mais!
Quais transtornos mentais mais afetam a classe trabalhadora?
Uma pesquisa recente do Ministério da Previdência Social mostrou que, em 2024, foram concedidas 472.328 licenças médicas por condições de saúde mental.
Dessas, a maior parte – 141.414 (29,9%) licenças – era relacionada a transtornos de ansiedade. Em segundo lugar, os episódios depressivos justificaram 113.606 (24%) afastamentos. Outras causas recorrentes são estresse grave, transtorno bipolar, burnout e adicções.
Quais são os profissionais que mais sofrem com questões de saúde mental?
Essa mesma pesquisa também traçou um perfil do trabalhador que foi mais afetado por questões referentes à saúde mental dentro das companhias. Vamos aos dados:
Mulheres: entre elas, a média etária mais afetada foi a de 41 anos, e o transtorno mais comum foi o de ansiedade. As licenças registradas alcançaram um número de 301.348;
Homens: já entre eles, os mais afetados também tinham uma média de 41 anos, e o número de afastamentos foi de 170.980, com índices mais altos de ansiedade.
Compreender mais sobre esses colaboradores é essencial para a elaboração de estratégias que aumentem a qualidade de vida dentro do trabalho.
Quais fatores causam o aumento dessa crise?
Dentro das empresas, as razões pela crescente de afastamentos costumam se repetir, mesmo em setores distintos. Cobranças desproporcionais, carga horária elevada, falta de apoio da liderança, situações de abuso ou desrespeito, dificuldades nos relacionamentos profissionais, clima organizacional negativo, estrutura inadequada e pouca liberdade nas tomadas de decisão.
Mas, além disso, compreender a relação dos profissionais com o mundo também é importante para analisar os motivos da crise. Ainda em referência aos números do Ministério da Previdência Social, a pandemia de COVID-19 deixou marcas na população.
Sem falar do luto, a pandemia também gerou uma alta na inflação, o que aumentou a insegurança financeira no país. Apesar de já distante, resquícios dessa época de isolamento ainda persistem no emocional dos profissionais.
Como funciona a licença médica no Brasil?
Antes de compreender o impacto desse cenário na economia das empresas, é necessário saber como funciona a licença médica.
Quando um funcionário solicita afastamento por motivo de doença ou acidente, ele passa por uma perícia médica que aprova, ou não, a solicitação, e determina o tempo de dispensa. Quando aprovado, a empresa deve pagar os 15 primeiros dias de benefício ao colaborador.
A partir do 15º dia, é o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que arca com os pagamentos.
Prejuízo de US$ 1 trilhão por ano
Ao mesmo tempo que crescem as licenças médicas, a despesa das empresas também aumenta. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que, todos os anos, 12 milhões de dias úteis são perdidos mundialmente, devido ao efeito dos afastamentos por saúde mental.
Nessa lógica, a instituição calculou um prejuízo anual de US$ 1 trilhão. No Brasil, os dados se sustentam. Segundo o INSS, em 2024, os afastamentos duraram, em média, três meses, com um custo mensal aproximado de R$ 1,9 mil por pessoa. Com essas bases, estima-se que o impacto financeiro tenha se aproximado de R$ 3 bilhões no ano.
Diante de valores tão altos, não é necessário entender muito sobre os números para adivinhar que investir em saúde mental é mais barato do que assumir os gastos de um colaborador em recuperação.
Além dos impactos financeiros e humanos, há também implicações legais. Com a atualização da NR-1 (Norma Regulamentadora nº 1), as empresas passaram a ter a obrigação de adotar medidas que preservem a saúde mental dos trabalhadores. Até o final de maio de 2025, todas devem incluir transtornos mentais e comportamentais como riscos ocupacionais nos seus programas de prevenção.
Ou seja, a saúde emocional deixou de ser uma pauta opcional e passou a integrar o campo da segurança do trabalho, estando sujeita à fiscalização e sanções.
Como priorizar a saúde mental dentro da empresa?
Apesar da intensificação dos afastamentos por saúde mental, e a discussão constante desse tema, as empresas ainda não acharam maneiras efetivas de mitigar esses números.
O principal desafio é não somente o de planejar novas estratégias, mas converter medidas em resultados. É evidente que garantir a saúde mental dos colaboradores vai além de campanhas de conscientização. É preciso incorporar práticas reais e consistentes na cultura organizacional.
A seguir, listamos algumas ações importantes para valorizar a saúde mental na sua empresa:
1. Criar canais de escuta e acolhimento psicológico
A empresa deve oferecer espaços seguros para que os colaboradores possam relatar dificuldades emocionais e receber apoio. Isso pode ser feito por meio de parcerias com psicólogos, implantação de canais anônimos ou criação de comissões internas com foco em bem-estar.
2. Capacitar lideranças para lidar com o tema
Gestores têm um papel central na saúde mental dos times. Por isso, é essencial que sejam treinados para identificar sinais de esgotamento, evitar condutas abusivas, dar feedbacks com empatia e saber encaminhar casos sensíveis para os setores adequados. É importante agir antes que os casos se agravem.
3. Rever metas, carga de trabalho e jornada
Metas inalcançáveis, jornadas excessivas e falta de pausas são gatilhos comuns para o adoecimento. Estabelecer metas realistas, respeitar os horários de descanso e flexibilizar o trabalho, são atitudes que previnem quadros como estresse e burnout.
4. Prevenir e combater o assédio no ambiente de trabalho
Assédio moral e sexual são fatores graves que impactam diretamente a saúde emocional dos trabalhadores. A empresa deve manter uma política clara de tolerância zero, além de canais de denúncia eficazes e proteção a quem denuncia.
5. Incentivar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional
A desconexão fora do expediente precisa ser respeitada. Criar uma cultura que valorize a vida fora do trabalho, evitando contatos desnecessários após o horário comercial, contribui diretamente para a qualidade de vida e o bem-estar.
6. Oferecer programas e benefícios voltados à saúde mental
Consultas com psicólogos, rodas de conversa, palestras sobre saúde emocional, atividades de autocuidado e dias de folga para recuperação mental são exemplos de ações que mostram na prática o compromisso da empresa com o tema.
Promover a saúde mental no ambiente corporativo não é apenas uma questão de bem-estar, mas de responsabilidade legal e estratégica. Com a atualização das normas regulatórias, investir em ações preventivas se torna essencial para garantir a conformidade, fortalecer a cultura organizacional e manter a competitividade no mercado.
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