Como evitar políticas capacitistas na sua empresa?

Você com certeza já ouviu falar em “capacitismo”. Mas como abordar esse assunto dentro do trabalho?

O termo capacitismo é relativo a ações cunhadas para prejudicar, desvalorizar ou marginalizar Pessoas com Deficiência (PCDs). No Brasil, em 2023, foram registradas 394.482 violações contra as pessoas com deficiência, segundo dados da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos. O número representa um aumento de 50% em relação ao ano anterior.

Para o mundo corporativo, é essencial estar a par de novas discussões e campanhas de conscientização. Pensando nisso, ao longo deste conteúdo preparado pela RP Ponto, vamos discutir sobre o capacitismo e como aplicar medidas anticapacitistas no seu negócio. Confira!

O que é capacitismo?

Para compreender melhor o significado desse conceito, é importante entender que pessoas com deficiência integram um grupo minoritário – e o termo “minoria” aqui não se refere à quantidade de pessoas, mas sim à condição de vulnerabilidade social e econômica enfrentada por esse grupo. 

Assim como acontece com mulheres, pessoas negras e LGBTQIAPN+, as pessoas com deficiência (PCDs) também sofrem com desigualdades estruturais e exclusão, inclusive no mercado de trabalho.

E o que isso quer dizer? Isso significa que, em razão de suas condições, essas pessoas são frequentemente marginalizadas, tratadas como inferiores e, em muitos casos, até mesmo vítimas de violência. 

Neste contexto de exclusão e marginalização, o termo “capacitismo” surge justamente para nomear o tipo de preconceito enfrentado por PCDs, partindo da suposição equivocada de que pessoas com deficiência não são capazes de realizar determinadas atividades.

Por outro lado, a expressão “capacitante” diz respeito às medidas de conscientização e práticas que combatem essa intolerância. Algumas ações são básicas, como a adoção de nomenclaturas atualizadas, por exemplo, Pessoas com Deficiência (PCD), que foi adotada pela Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da ONU, em 2006.

Em ambientes de trabalho, uma boa comunicação é primordial para manter um clima saudável e seguro para todos. Para isso, atentar-se a termos e expressões é essencial ao conversar com outros colaboradores.

Apesar de algumas palavras estarem enraizadas no nosso vocabulário, é essencial evitá-las ao máximo, em ambientes pessoais e profissionais.

Como o capacitismo acontece dentro das empresas?

A última pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), de 2022, apontou que apenas 29,2% das pessoas com deficiência estavam inseridas no mercado de trabalho. Dessas, mais da metade (55,0%), estavam em situação de informalidade. O nome dado a essa realidade é capacitismo institucional.

Dentro das empresas, princípios e políticas podem ser estruturados para que esses números se mantenham. Por ações diretas ou indiretas, as equipes tornam o ambiente de trabalho hostil e inadequado para o ingresso e a adaptação de pessoas com deficiência.

Aqui estão algumas das práticas que afastam esse grupo do mercado de trabalho:

  • Não cumprimento da Lei de Cotas (Lei 8.213, de julho de 1991), que obriga empresas com 100 ou mais empregados a preencher de 2% a 5% dos cargos com beneficiários reabilitados, ou pessoas com deficiência habilitadas;
  • Não inclusão de candidatos em processos seletivos, sob justificativa de limitações ou falta de capacidade para o cargo;
  • Gestores e equipes sem preparo, que pela ausência de orientação e informação, acabam contribuindo para situações de exclusão ou conflitos no ambiente corporativo;
  • Impedimentos no momento da contratação devido a julgamentos prévios, estereótipos e preconceitos, o que resulta na restrição de oportunidades e na oferta de salários mais baixos;
  • Estrutura física, fluxos de trabalho e ferramentas sem acessibilidade adequada, comprometendo a autonomia e o desempenho de pessoas com deficiência;
  • Falta de planos de carreira que levem em conta a equidade, dificultando o crescimento profissional de colaboradores com deficiência;
  • Tolerância a atitudes capacitistas, que muitas vezes são ignoradas ou tratadas como comportamentos comuns;
  • Casos explícitos de assédio e discriminação direcionados a pessoas com deficiência.

Por que é importante combater o capacitismo no mundo corporativo?

Combater o capacitismo no ambiente corporativo é mais do que uma questão de responsabilidade social, é um passo fundamental para garantir a implementação do DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão) dentro das organizações. 

O DEI é um acrônimo que se refere aos três principais pilares dentro de instituições de trabalho. Por meio da concretização desses conceitos, cria-se um ambiente próspero e saudável para todos os colaboradores.

Quando as empresas reconhecem as barreiras enfrentadas por pessoas com deficiência, criam espaços mais inclusivos, acolhedores e produtivos para todos.

Refletir sobre medidas capacitantes é também mudar a forma de pensar o mundo. A inclusão de minorias em instituições vai muito além do cumprimento de normas legislativas. Abrir os olhos para novas possibilidades é essencial para exercitar a criatividade e a resolução de problemas nas empresas.

Segundo a consultoria Deloitte, empresas que investem em inclusão podem alcançar até 30% mais faturamento por colaborador e apresentar rentabilidade acima da média do mercado.

Dados como esse demonstram que ignorar o potencial de profissionais com deficiência não só reforça desigualdades históricas, como também compromete o desenvolvimento e a competitividade do negócio.

Além disso, iniciativas capacitantes fortalecem a imagem institucional, demonstram alinhamento com princípios de justiça social e ajudam a cumprir legislações vigentes, o que evita penalidades legais e promove um ambiente mais saudável e ético. 

Como aplicar medidas capacitantes na sua empresa?

Promover um ambiente verdadeiramente inclusivo exige planejamento e estruturação. Para isso, é preciso transformar a cultura organizacional e adaptar processos, espaços e relações de trabalho. Confira algumas ações práticas que ajudam a construir uma empresa anticapacitista:

  1. Capacite sua equipe constantemente
    Ofereça treinamentos e rodas de conversa sobre capacitismo, inclusão e diversidade. Promover a conscientização é o primeiro passo para desconstruir estigmas e comportamentos enraizados.
  2. Líderes bem preparados
    Gestores alinhados aos valores ajudam a consolidar uma cultura mais inclusiva. Por isso, invista em capacitações que abordem comunicação empática, vieses inconscientes, gestão de equipes diversas e como agir diante de situações discriminatórias.
  3. Reavalie a estrutura da empresa
    Mapeie os espaços físicos e plataformas digitais para identificar barreiras que dificultam a autonomia de pessoas com deficiência. Rampas de acesso, sinalizações adequadas, ferramentas com recursos de acessibilidade e reuniões inclusivas são alguns exemplos de ajustes necessários.
  4. Evite atitudes protecionistas
    Adotar posturas condescendentes pode reforçar o capacitismo. Oferecer suporte é importante, mas sem subestimar a capacidade de cada colaborador. Estabeleça metas claras, acompanhe o desempenho e forneça os recursos necessários para que todos possam alcançar bons resultados com autonomia.
  5. Desenvolva políticas de crescimento profissional mais inclusivas
    Planos de carreira precisam levar em conta a equidade, promovendo o desenvolvimento de funcionários com deficiência.
  6. Incentive grupos de apoio e afinidade
    A criação de grupos de afinidade entre pessoas com deficiência e aliados pode fortalecer o sentimento de pertencimento e ampliar o conhecimento interno sobre as necessidades desse público.
  7. Monitore resultados e faça ajustes contínuos
    A inclusão deve ser acompanhada de perto. Defina indicadores, ouça os feedbacks e avalie periodicamente as ações implementadas.

Conte com a RP Ponto para otimizar o seu time de RH

Como vimos, um ambiente saudável e inclusivo faz toda a diferença para uma equipe mais inovadora e criativa. E o RH também pode ter seus dias mais leves, sem as dores de cabeça da gestão manual de jornada de trabalho.

A RP Ponto é especialista em gestão de pontos de acesso e pode ser uma aliada nesse processo de adoção de medidas capacitantes. Atuamos no controle eficiente da entrada e saída da sua equipe – seja no ambiente físico ou remoto – e, a partir dos dados das jornadas de trabalho, desenvolvemos estratégias personalizadas para o seu negócio. 

Assim, ajudamos a construir ambientes mais organizados, produtivos e preparados para acolher a diversidade que sua empresa precisa. Clique aqui para conhecer mais dos nossos serviços.

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